terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

CARNAVAL E O NEGRO NO BRASIL

Contribuição da Cultura Africana ao Carnaval Brasileiro



A palavra samba, de origem africana, significa provavelmente brincando como um cabrito, pulando e se divertindo. A origem do Samba remonta à cultura africana e isso pode ser comprovada, por exemplo, através da introdução, já na América, de inúmeros instrumentos musicais, tais como cuíca, berimbau, ganzá e reco-reco. Certamente, os africanos do grande grupo etnolinguistico chamado banto deram a maior contribuição para a base do samba na música brasileira e outras manifestações.
O Samba urbano teve origem da fusão de alguns elementos da música erudita e do samba rural. Tudo teve início quando uma comunidade da Bahia se estabeleceu em uma região entre o morro da Conceição, um lugar próximo à Praça Mauá (como é chamado atualmente). As festas desta comunidade eram caracterizadas pela presença do choro (grosseiramente falando um tipo de música brasileira tocado em violão ou outro instrumento de corda além de flauta ou clarinete e percussão) e o samba rural acompanhado por batidas de mãos, tamborim e sons produzidos por pratos e facas. A partir desta mistura singular descende o Samba urbano no Rio. Este novo ritmo ganhou os contornos atuais quando alcançou os bairros onde a população de classes mais baixas viviam, mostrando-se uma expressão de força e resistência nessas comunidades.
As comunidades negras do Rio de Janeiro criaram as Escolas de Samba, nas quais os terreiros (ainda não eram as quadras como conhecemos atualmente) eram similares aos templos de Candomblé da década de 70, nos quais somente as mulheres faziam parte dos rituais. As mulheres eram representantes de um tema muito comum na África. Por exemplo, a ala das baianas, um grupo de idosas, referência aos movimentos de dança circulares as manifestações rituais das religiões afro- brasileiras simbolizando a Mãe África.
O Enredo é um samba canção que consiste de letra e música criados a partir de um resumo do tema. Uma época especial para letras de samba do Grupo Especial foi entre 1986 e 1996 quando o universo cultural e simbólico afro-brasileiro foram amplamente enfatizados. Este período inclui dois momentos históricos muito importantes para os negros: o centenário de abolição da escravatura no Brasil (1888-1998) e o terceiro centenário da morte de Zumbi dos Palmares (1695-1995) - um líder da causa negra. Podemos mencionar outras referências importantes para a cultura afro neste período: em 1986, Grande Othelo (G.R.E.S. Estácio de Sá), Caymmi (G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira) e Ganga Zumba (G.R.E.S. Engenho da Rainha); em 1988, quatro Escolas de Samba que tiveram temas focados sobre a Abolição da Escravatura no Brasil - G.R.E.S. 
Os enredos das Escolas de Samba são importantes veículos para preservar e espalhar indicadores e valores de certos grupos étnicos sociais quase sempre discriminados, que ganham espaço na época do carnaval. O envolvimento das classes com os temas dos sambas, através da memorização, representa um modo para preservar e espalhar a cultura afro-brasileira, uma vez que a letra expressa, em certo alcance, como um tema secundário principal, o universo afro. Diversos compositores, por exemplo, demonstraram com suas obras, o universo sociocultural que faziam parte.
Em resumo, o Carnaval, embora sintetize elementos de outras culturas, ainda representou um dos poucos espaços para expressão da cultura afro-brasileira. A evidência principal recai no fato de que as Escolas de Samba normalmente se originaram em favelas, regiões periféricas ou regiões pobres da cidade, onde a maioria da população é etnicamente negra.
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