Estado democrático de
direito é um conceito de Estado que busca superar o simples Estado de Direito
concebido pelo liberalismo. Garante não somente a proteção aos direitos de
propriedade, mais que isso, defende através das leis todo um rol de garantias
fundamentais, baseadas no chamado "Princípio da Dignidade Humana".
O termo
"estado democrático de direito" conjuga dois conceitos distintos que,
juntos, definem a forma de funcionamento tipicamente assumido pelo Estado de
inspiração ocidental. Cada um
destes termos possui sua própria definição técnica, mas, neste contexto,
referem-se especificamente a parâmetros de funcionamento do Estado ocidental
moderno.
Democracia: Neste contexto específico, o termo "democracia"
refere-se à forma pela qual o Estado exerce o seu poder soberano. Mais especificamente,
refere-se a quem exercerá o poder de estado, já que o
Estado propriamente dito é uma ficção jurídica, isto é, não possui vontade
própria e depende de pessoas para funcionar.
Em sua
origem grega, democratia quer dizer "governo do
povo". No sistema moderno, no entanto, o povo não governa propriamente (o
que representaria uma democracia
direta). Assim, os atos de governo são exercidos por membros do povo ditos
"politicamente constituídos", que são aqueles nomeados para cargos
públicos através de eleição.
No Estado
democrático, as funções típicas e indelegáveis do Estado são exercidas por
indivíduos eleitos pelo povo para tanto, de acordo com regras preestabelecidas
que regerão o pleito eleitoral.
O Direito: O estado de direito é aquele em que vigora o chamado
"império da lei". Esta expressão engloba alguns significados:
1. neste tipo de estado, as leis são criadas pelo próprio Estado, através
de seus representantes politicamente constituídos;
2. uma vez que o Estado criou as leis e estas passam a ser eficazes (isto
é, aplicáveis), o próprio Estado fica adstrito ao cumprimento das regras e dos
limites por ele mesmo impostos;
3. o terceiro aspecto, que se liga diretamente ao segundo, é a característica
de que, no estado de direito, o poder estatal é limitado pela lei, não sendo
absoluto, e o controle desta limitação se dá através do acesso de todos ao Poder
Judiciário, que deve possuir autoridade e autonomia para garantir que as leis
existentes cumpram o seu papel de impor regras e limites ao exercício do poder
estatal.
Outro aspecto da expressão "de direito" refere-se a que tipo de direito exercerá o
papel de limitar o exercício do poder estatal. No estado democrático de
direito, apenas o direito positivo (isto é, aquele que foi codificado
e aprovado pelos órgãos estatais competentes, como o Poder Legislativo)
poderá limitar a ação estatal, e somente ele poderá ser invocado nos tribunais
para garantir o chamado "império da lei". Todas as outras fontes de
direito, como o Direito Canônico ou o Direito natural, ficam
excluídas, a não ser que o direito positivo lhes atribua esta eficácia, e
apenas nos limites estabelecidos pelo último.
Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela Constituição.
Nela, delineiam-se os limites e as regras para o exercício do poder estatal
(onde se inscrevem as chamadas "garantias fundamentais"), e, a partir
dela, e sempre tendo-a como baliza, redige-se o restante do chamado "ordenamento
jurídico", isto é, o conjunto de leis que regem uma sociedade. O estado
democrático de direito não
pode prescindir da existência de uma Constituição e do integral respeito a ela,
inclusive por parte dos órgãos institucionais encarregados de operar o direito,
que não poderão funcionar com partidarismo ou como juízo ou tribunal
de exceção.
Estado de direito é uma situação jurídica,
ou um sistema institucional, no qual cada um é submetido ao respeito do
direito, do simples indivíduo até a potência pública. O estado de direito é
assim ligado ao respeito da hierarquia das normas e dos direitos fundamentais.
Em outras palavras, o estado de direito é aquele no qual os
mandatários políticos (na democracia: os eleitos) são submissos às leis promulgadas.
A teoria da separação dos poderes de Montesquieu, na qual se
baseia a maioria dos estados ocidentais modernos, afirma a distinção dos três
poderes (executivo, legislativo e judiciário)
e suas limitações mútuas. Por exemplo, em uma democracia parlamentar, o
legislativo (Parlamento) limita o poder do executivo (Governo): este não está
livre para agir à vontade e deve constantemente garantir o apoio do Parlamento,
que deve ser a expressão da vontade do povo. Da mesma forma, o poder judiciário
permite fazer contrapeso a certas decisões governamentais e legislativas.
O estado de direito (em alemão, Rechtsstaat)
se opõe assim ao Obrigkeitsstaat (estado baseado no uso arbitrário do
poder) e às monarquias absolutas
de direito divino (o rei no antigo regime pensava ter
recebido seu poder de Deus e, assim, não admitia qualquer limitação a ele: "O
Estado, sou eu", como Luís
XIV) e às ditaduras, na qual a
autoridade age frequentemente em violação aos direitos fundamentais. O estado
de direito não exige que todo o direito seja escrito. A Constituição do Reino Unido, por exemplo, é fundada
unicamente no costume: ela não dispõe de disposições escritas. Num tal sistema
de direito, os mandatários políticos devem respeitar o direito baseado no
costume com a mesma consideração que num sistema de direito escrito.
O poder do Estado é uno e indivisível. A função do poder se
divide em três grandes funções: a função legislativa, a função judicial e a
função executiva. A ausência de um Estado de direito forte segundo Hernando de Soto leva a decadência social e econômica.
Origem do termo “Estado
de Direito”: Considera-se o livro Die deutsche Polizeiwissenschaft nach den Grundsätzen des Rechtsstaates (A
Ciência Politica Alemã de acordo com os princípios do estado de Direito), do escritor alemão Robert
von Mohl, como a obra seminal, inauguradora do
pensamento teórico sobre o "império da lei". A obra foi escrita entre
1832 e 1834 e publicada em 1835. Além disso, existe corrente teórica do
pensamento político alemão, que foi comandada pelo influente filósofo político Friedrich Hayek, que considera os escritos de Immanuel Kant como a base sobre a qual se construiria, mais tarde, o
pensamento político de von Mohl.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! O Blog do Maffei agradece seu interesse.