Muitas vezes, ouvimos músicas ou, mesmo fala-se sobre certos personagens brasileiros, e não nos damos conta que não os conhecemos, apenas ouvimos falar. Ontem fui ao enterro do meu estimado amigo Padre Chico e o último adeus, foi dado pelo maestro Solano, no violão, cantando o MENESTREL DE ALAGOAS, de Milton Nascimento e Fernando Brant.
Fiquei curioso e fui pesquisar um pouquinho sobre Teotônio Vilela, no Wikipédia mesmo, aproveito e repasso esse conhecimento aos amigos do Blog do Maffei:
Quem é esse viajante
Quem é esse menestrel
Que espalha esperança
E transforma sal em mel?
Quem é esse saltimbanco
Falando em rebelião
Como quem fala de amores
Para a moça do portão?
Quem é esse que penetra
No fundo do pantanal
Como quem vai manhãzinha
Buscar fruta no quintal?
Quem é esse que conhece
Alagoas e Gerais
E fala a língua do povo
Como ninguém fala mais?
Quem é esse?
De quem essa ira santa
Essa saúde civil
Que tocando a ferida
Redescobre o Brasil?
Quem é esse peregrino
Que caminha sem parar?
Quem é esse meu poeta
Que ninguém pode calar?
Quem é esse?
TEOTÔNIO
VILELA
Nasceu
em Viçosa, AL em 28 de maio de 1917 e morreu em Maceió em 27 de novembro de
1983) foi um empresário e político, sendo deputado estadual, vice-governador
de Alagoas e senador, reeleito.
Filho de Elias Brandão Vilela
e Isabel Brandão Vilela, cedo fez o curso primário na sua cidade natal e o
secundário no Ginásio de Maceió e no Colégio Nóbrega em Recife.
Apesar de ter frequentado duas faculdades, a de Engenharia e de Direito, no
Recife e no Rio de Janeiro, à época no então Distrito Federal. Não
chegou a concluir nenhum curso superior, tornando-se autodidata.
No ano de 1937, abandona
os estudos e volta para Alagoas, onde passou a trabalhar com seu pai, que era
proprietário rural. Como o pai, virou agropecuarista e, em seguida usineiro,
em sociedade o Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa Geraldo
Gomes de Barros, em 12/04/1973 fundou uma usina de açúcar situada no município
de Teotônio Vilela (antigo povoado de Feira Nova), localizado a cerca
de 100 km da capital Maceió, chamada Usinas Reunidas Seresta.
Casou-se com Helena Quintela Brandão Vilela, com quem teve sete filhos, um dos quais, Teotônio Vilela Filho, eleito senador por três vezes consecutivas, de 1987 até 2006 e governador de Alagoas, de 2007 até 2015.
Casou-se com Helena Quintela Brandão Vilela, com quem teve sete filhos, um dos quais, Teotônio Vilela Filho, eleito senador por três vezes consecutivas, de 1987 até 2006 e governador de Alagoas, de 2007 até 2015.
Filiou-se à UDN, em 1948,
sendo um dos fundadores do partido em Alagoas, criado em 1952.
Elege-se deputado estadual pela legenda nas eleições de 1954,
exercendo mandato até 1958. Pertencente à "bancada do açúcar" neste
mandato foi o relator da comissão que pedia o impeachment do populista Muniz Falcão, então
governador, acusado pela oposição ferrenha de 22 deputados a Assembleia
Legislativa de crime de responsabilidade e de ameça e violência contra
deputados.
Em 1960, é eleito
vice-governador, na chapa do general udenista Luiz de Souza Cavalcante,
para o período de 1961-1966, quando ambos sucederam ao governador Muniz
Falcão.
Em outubro de 1965, com a
edição do AI-2 pelo governo militar, foi reaberto o processo de
cassações e suspensões de direitos políticos, a extinção dos partidos políticos
existentes, a manutenção das eleições indiretas para a Presidência da
República e o estabelecimento das eleições indiretas para os governos
estaduais, além de limitadas as imunidades parlamentar e individual dos
cidadãos.
Em dezembro do mesmo ano,
foram criados dois novos partidos – um de apoio ao governo, a ARENA e
outro de oposição, o MDB. Veio a filiar-se na primeira agremiação, sendo
eleito para o primeiro mandato de senador em 1966.
No Senado, atuou como membro
titular das comissões de Economia, de Agricultura, de Redação,
de Ajustes Internacionais, de Legislação sobre Energia Atômica e
de Indústria e Comércio. Ao final do mandato foi quarto suplente da Mesa e
vice-presidente da Comissão de Assuntos Regionais.
Nas eleições parlamentares de
1974, foi reeleito para o Senado, sendo um dos poucos arenistas a ter sucesso
eleitoral pelo partido do governo, em todo o país, para a legislatura de 1975 a
1982. Luís Viana Filho, Henrique de La Rocque Almeida, Antônio
Mendes Canale, Jarbas Gonçalves Passarinho e Petrônio Portella
Nunes foram os outros arenistas.
Presidente Ernesto Geisel, governou na Ditadura |
Com a posse de Ernesto
Geisel, em março de 1974, e o início de um projeto de "abertura"
política "lenta, gradual e segura", proposta por Petrônio Portella, o
senador alagoano após uma conversa reservada com o presidente, desfraldou a
bandeira da redemocratização, colocando-se como porta-voz do processo de
distensão e assumindo a posição de “oposicionista da ARENA”.
Fazia pronunciamentos no
Senado pró-democratização e buscou contatos com personalidades e instituições
para elaborar um projeto de institucionalização política para o Brasil. Em
abril 1978, o apresentou no Senado o que ficou conhecido como o Projeto
Brasil, que incluía diversas propostas liberalizantes.
No mês seguinte, aderiu à Frente
Nacional pela Redemocratização, um movimento cujo programa, segundo Teotônio,
era semelhante ao seu Projeto Brasil, além de oferecer uma possibilidade de
mobilização. A Frente queria a candidatura do general Euler Bentes
Monteiro à presidência e do senador emedebista Paulo Brossard para
a vice-presidência da República, buscando agrupar, além do MDB, militares
descontentes e políticos dissidentes da Arena.
Filiou-se ao MDB, no dia 25 de
abril de 1979, e em meados de junho, durante o seu primeiro discurso como oposicionista,
fez duras críticas ao governo provocando a retirada geral dos parlamentares da
Arena do plenário do Senado.
Senador Teotônio Vilela visitando presos políticos durante a ditadura |
Batalhador incansável pela
anistia geral exerceu a presidência da comissão mista que estudava o projeto
sobre o tema, encaminhado ao Congresso pelo Governo.
Ao receber, em setembro de
1979, o título de Cidadão Paulistano reconhecido pela Câmara Municipal de
São Paulo, explicou a sua devoção pela liberdade:
"Cidadão
de Viçosa de Alagoas, dos arredores da Serra dos Dois Irmãos, um dos últimos
redutos da Guerra dos Palmares, vivo contemplando a imagem do Zumbi, sinto-lhe
o rumos dos sonhos e o calor do sangue libertário."
A Câmara Municipal do Rio de
Janeiro, em homenagem ao Grande menestrel, batiza seu Plenário com o nome de
'Teotônio Vilela'.
Em 1980, com o fim do
bipartidarismo e o surgimento de diversos partidos de oposição no Brasil,
Teotônio preferiu filiar-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro,
o PMDB, considerado o continuador do extinto MDB, tornando-se um dos mais
importantes nomes da legenda.
Encerrou sua carreira
parlamentar, em novembro de 1982, em decorrência de um câncer. No seu discurso
de despedida (30.11.1982) fez questão de deixar clara a sua disposição em
continuar atuando politicamente:
"Estou
saindo desta Casa esta semana, isto não é despedida, mesmo porque não é do meu
hábito despedir de nada. A vida política continua comigo, continuarei lutando
lá fora, só não terei o privilégio de usar esta ou aquela tribuna. Quanto ao
mais, prosseguirei na minha vida de velho menestrel, cantando aqui, cantando
ali, cantando acolá, as minhas pequeninas toadas políticas." (Diário
do Congresso Nacional, Brasília, DF, 2.12.1982).
Senador Teotônio Vilela com Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Paulo Brossard e outros. |
Morreu no dia 27 de novembro de 1983, de câncer generalizado.
Em 1983, a deputada
pernambucana Cristina Tavares fundou o Centro de Estudos Políticos e
Sociais Teotônio Vilela, um palco importante onde seriam discutidos vários
problemas da população brasileira.
Em 1986, Teotônio Vilela
recebeu o título de Grande Oficial da Ordem do Congresso Nacional (In
Memoriam).
Milton Nascimento e Fernando Brant |
Em setembro de 1983, os
compositores Milton Nascimento e Fernando Brant lançaram em
homenagem a Teotônio, O menestrel
das Alagoas, cantada por Fafá de Belém, música que se
transformaria, assim como Coração
de estudante, em hinos da campanha das Diretas-Já, movimento que
tomou conta do Brasil, nos primeiros meses de 1984, exigindo que o Congresso
aprovasse a emenda constitucional que instituía a eleição direta para o
sucessor do presidente João Figueiredo.
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