quarta-feira, 17 de maio de 2017

PARA O "MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO" DE EINSTEIN



         O problema que os intelectuais desse país têm de enfrentar parece muito grave. Os políticos reacionários, agitando o espectro de um perigo externo, conseguiram sensibilizar a opinião pública contra todas as atividades dos intelectuais. Graças a este primeiro sucesso, tentam agora proibir a liberdade de ensino e expulsar de seu posto os recalcitrantes. Isto se chama aniquilar alguém pela fome.
         Que deve fazer a minoria intelectual contra este mal?
         Só vejo uma única saída possível: a revolucionária, da desobediência, a da recusa a colaborar, a de Ghandi. Cada intelectual, citado diante de uma comissão, deveria negar-se a responder. O que equivaleria a estar pronto a deixar-se prender, a deixar-se arruinar financeiramente, em resumo, a sacrificar seus interesses pessoais pelos interesses culturais do país.
         A recusa não deveria fundar-se sobre o artifício bem conhecido de objeção de consciência. Mas um cidadão irrepreensível não aceita submeter-se a uma tal inquisição, em total infração do espírito da constituição. E se alguns intelectuais se manifestarem, bastante corajosos para escolher este caminho heroico, eles triunfarão. A não ser assim, os intelectuais deste país não merecem coisa melhor do que a escravidão que lhes está prometida.


(EISTEIN, A. Como Vejo o Mundo, Editora Nova Fronteita, 6.ªed, 1981, pp. 28 e 29)

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