O problema que os intelectuais desse
país têm de enfrentar parece muito grave. Os políticos reacionários, agitando o
espectro de um perigo externo, conseguiram sensibilizar a opinião pública
contra todas as atividades dos intelectuais. Graças a este primeiro sucesso,
tentam agora proibir a liberdade de ensino e expulsar de seu posto os
recalcitrantes. Isto se chama aniquilar alguém pela fome.
Que deve fazer a minoria intelectual
contra este mal?
Só vejo uma única saída possível: a
revolucionária, da desobediência, a da recusa a colaborar, a de Ghandi. Cada
intelectual, citado diante de uma comissão, deveria negar-se a responder. O que
equivaleria a estar pronto a deixar-se prender, a deixar-se arruinar
financeiramente, em resumo, a sacrificar seus interesses pessoais pelos
interesses culturais do país.
A recusa não deveria fundar-se sobre o
artifício bem conhecido de objeção de consciência. Mas um cidadão
irrepreensível não aceita submeter-se a uma tal inquisição, em total infração
do espírito da constituição. E se alguns intelectuais se manifestarem, bastante
corajosos para escolher este caminho heroico, eles triunfarão. A não ser assim,
os intelectuais deste país não merecem coisa melhor do que a escravidão que
lhes está prometida.
(EISTEIN,
A. Como Vejo o Mundo, Editora Nova Fronteita, 6.ªed, 1981, pp. 28 e 29)
Qualquer coincidência com o Brasil é pura verdade!
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