JOHN REED
Nascido
em Portland, em 22 de Outubro de 1887, morreu em Moscou, no dia 19 de outubro
de 1920. Escritor, jornalista e militante político estadunidense, escreveu o
livro Dez dias que abalaram o mundo, um dos relatos mais famosos sobre os acontecimentos
que constituíram a Revolução Bolchevique de Outubro onde aconteceu a tomada do
poder pelos sovietes. O filme REDS trata sobre seu relacionamento com a
escritora e militante feminista Louise Bryant, estrelado por Warren Beatty,
Diane Keaton e Jack Nicholson, concorreu a 12 Oscar.
John
Reed não gostava da cidade de Portland, por isso, com 23 anos, teve uma
oportunidade de ir para Universidade de Harvard em 1910. Quando concluiu seus
estudo foi para a Europa num navio cargueiro e passou por Londres, Paris e
Madrid. Regressou aos Estados Unidos e trabalhou como editor numa revista sobre
política.
Jack,
como era chamado pelos amigos, ficou conhecido como jornalista militante e
pelas suas coberturas das greves de trabalhadores e da Revolução Mexicana.
Quando era correspondente de guerra na Europa durante a Primeira Guerra Mundial,
entrou em contato com a Revolução Russa e partiu para lá. Conheceu Lênin e, das
suas conversas com ele, fez um livro.
Durante
uma manifestação de operários de tecelagem em Lawrence, Massachusetts, ação
esta apoiada pelo Partidos Socialista, conheceu Bill Haywood que revelou-lhe
que 25 mil operários de uma fábrica na outra margem do rio Hudson, que manifestavam
exigindo oito horas de trabalho diário, estavam sendo maltratados pela polícia.
Jack juntou-se aos manifestantes, sendo preso durante quatro dias, tendo
relatado no periódico The Masses sobre estes eventos.
Em
1914, no México, Pancho Villa liderava uma rebelião de camponeses quando John
Reed foi enviado como correspondente. Em pouco tempo tornou-se próximo do líder
revolucionário, escrevendo o livro “Insurgent Mexico”, no Brasil publicado como
“México Rebelde”. Os relatos apaixonados de Reed não eram objetivos e
imparciais com esperavam as redações estadunidenses, Reed se colocava do lado
dos revolucionários o que ajudou a espalhar as notícias desta revolução.
Reed
regressou aos Estados Unidos, reconhecido como um grande jornalista, quando no
Colorado se deu o Massacre de Ludlow, onde os mineiros em greve foram abatidos
pela Guarda Nacional pela oligarquia dos Rockefellers. Esses acontecimentos
foram registrados em um livro: “A Guerra do Colorado”.
Voltando
para Portland para visitar sua mãe, que nunca aprovou suas ideias
revolucionárias, conheceu Emma Goldman que discursava sobre feminismo e
anarquismo.
Com
a Guerra Mundial em curso os grandes jornais de Nova Iorque pressionaram para
que Reed cobrisse o conflito e ele concordou em ir pela revista The
Metropolitan. Ao mesmo tempo ele escrevia para a revista The Masses artigos que
possuíam frases como: “Foi uma guerra de lucros”.
Desembarcou
na Inglaterra e percorreu os Países Baixos e a Alemanha, quando nas trincheiras
dos campos de batalha francês, sob chuva, lama e cadáveres ficou chocado com o
patriotismo exacerbado de ambos os lados, até em alguns defensores do
socialismo como H.G. Wells na Inglaterra.
Retornando
aos Estados Unidos, encontrou os radicais Upton Sinclair, John Dewey e Walter
Lippmann que era o novo editor do New Republic.
Lippmann
escreveu, em dezembro de 2014, um ensaio: “O Legendário John Reed”, onde
definiu a distância entre ele, um jornalista, e Reed, um revolucionário: “Por
temperamento, ele não é um escritor profissional ou repórter. Ele é uma pessoa
que gosta de si mesmo. Reed não é imparcial e tem orgulho disso”.
Voltando
para o cenário de guerra em 1915, desembarcou na Rússia, onde pode ver as vilas
queimadas e saqueadas, em massacre de judeus pelos soldados do Czar. Esteve em
Bucareste, Constantinopla, Sofia, Sérvia e Grécia. De retorno aos Estados
Unidos, ouviu exaltados discursos sobre os preparativos militares contra “o
inimigo” e redigiu para o The Masses que o inimigo para o trabalhador
estadunidense eram os 2% da população que recebiam 60% da riqueza nacional. “Nós
estamos defendendo que o trabalhador prepare-se para defender o inimigo. Esse é
nosso preparativo”. Demonstrava Reed, assim, que o verdadeiro inimigo era a
burguesia.
Em
1916, John Reed conheceu Louise Bryant em Portland e apaixonaram-se
imediatamente. Ela se separou do seu marido e foi morar com Reed em Nova
Iorque. Louise era escritora e anarquista defensora do amor livre.
Em
abril de 1917, Woodrow Wilson pediu ao Congresso que se declarasse guerra
contra à Alemanha e Reed escreveu no The Masses: “A guerra significa a histeria
coletiva, crucificando os defensores da verdade, sufocando os artistas...Esta
não é nossa guerra.” Ele testemunhou contra o recrutamento perante o Congresso:
“Eu não acredito nesta guerra...Eu não serviria nela”.
Emma
Goldman e Alexander Berkman foram capturados pelo Draft Act (Lei de Alistamento
Militar) por “conspiração e indução de pessoas a não se registrarem” como
soldados para a Primeira Guerra. Reed foi uma testemunha de defesa, porém eles
foram condenados, presos e deportados. Esse destino acontece a milhares de
outros estadunidenses que se opuseram à guerra e jornais radicais como o The
Masses foram banidos.
John
Reed se afligiu pelo modo através do qual as classes trabalhadoras da Europa e
Estados Unidos estavam sustentando a guerra. Mas não perdeu as esperanças e
escrevia: “Eu não posso desistir da ideia de que fora da democracia nascerá um
rico novo mundo, onde o trabalhador será o desbravador, o libertador, um mundo
mais bonito”.
John
Reed foi uma importante figura no Partido Socialista nos Estados Unidos, sendo
determinante na fundação do Partido Comunista dos Trabalhadores que era um
partido ilegal e disputava com outros o apoio do Comintern, a Internacional
Comunista.
Em
1917 chegaram aos Estados Unidos notícias que a Russia havia deposto o Czar.
Uma revolução estava em marcha. Segundo Reed: “Finalmente, toda uma população
se negou a continuar a carnificina e se revoltou contra a classe governante”.
Com Louise Bryant, Reed partiu para a Finlândia e Petrogrado.
A
revolução avançava à sua volta, com operários a tomarem o poder nas fábricas
através dos sovietes (conselhos), soldados recusando-se a combater e
manifestando-se contra a guerra, e o soviete de Petrogrado elegeu uma maioria
bolchevique. Por fim, a 6 e 7 de novembro (calendário juliano), houve a rápida
tomada das estações ferroviárias, telégrafo, telefone e correios, e a
concentração de trabalhadores e soldados junto ao Palácio de Inverno.
Correndo
de cena em cena, Reed tomou notas com uma velocidade incrível, reuniu cada
folheto, pôster e proclamação e, então, no início de 1918, voltou aos Estados
Unidos para escrever sua história. Ao chegar, suas anotações foram confiscadas.
Ele se encontrou sob acusação, juntamente com outros editores do The Masses,
por se opor à guerra. Mas, no julgamento, onde ele e Eastman testemunharam
sobre suas crenças, o júri não pode chegar a uma decisão e as acusações foram
retiradas.
Reed
começou a viajar por todos os Estados Unidos lecionando e propagandeando sobre
a guerra e a Revolução Russa. No Tremont Temple, em Boston, ele foi bombardeado
com perguntas dos estudantes da Universidade de Harvard. Em indiana, ele
conheceu Eugene Debs, que seria logo sentenciado a dez anos por pregação contra
a guerra. Em Chicago, ele acompanhou o julgamento de Bill Haywood e de outras centenas
de líderes do IWW (Trabalhadores Industriais do Mundo – sindicato internacionalista),
que pegariam longas sentenças de prisão. Em setembro de 1918, após falar para
uma plateia de quatro mil pessoas, Reed foi preso por desencorajamento ao
recrutamento nas forças armadas.
Conseguiu
pegar de volta suas anotações sobre a Rússia e em dois meses fez uma produção
escrita furiosa de Os Dez Dias que Abalaram o Mundo, que se tornou o relatório
clássico de uma testemunha ocular da Revolução Bolchevique na Rússia.
Em
1919, a guerra acabou, mas as forças aliadas tinham invadido a Rússia e a
histeria continuou, os Estados Unidos que tinha feito a gloriosa “Revolução Mundial”,
agora estava com medo da Revolução dos Trabalhadores. Os não-cidadãos foram
encurralados aos milhares, presos e deportados sem julgamento. Houve greves por
todo o país e choques com a polícia. Reed se envolveu na formação do Partido
Comunista dos Trabalhadores, e foi à Rússia como delegado da internacional
Comunista.
Participou
de várias reuniões e de uma conferência em Moscou, a uma reunião de massas de
asiáticos no Mar Negro. Degastado, ficou doente, febril e delirante, devido ao
tifo. Em 1920, aos 44 anos, morreu num hospital em Moscou.
O
corpo de John Reed foi sepultado perto do Kremlin na Praça Vermelha, com honras
de herói, sendo o único americano a quem tal honra foi concedida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! O Blog do Maffei agradece seu interesse.